- Eu amo você. Ela disse enquanto olhava seus próprios olhos no reflexo do espelho. Há pouco aprendera a conviver tão bem com o próprio eu, em seus defeitos e qualidades. A maquiagem marcava seus olhos enquanto eles brilhavam ao contemplar a imagem de sua boca vermelha tão caprichadamente pintada. Por trás de todo o pó, os olhos eram um pouco fundos, marcados de alguém que chorara muito por amor. Mas dessa vez era diferente. Decidiu que investiria no único amor que só dependia dela pra dar frutos: O amor próprio. Afinal, quem não ama a si mesmo, não é capaz de amar outro alguém. E muito menos entender e aceitar os motivos pelos quais este outro alguém, devolve tamanho amor.
"Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro." Fernando Pessoa