Ombro, pescoço, bochechas. Esse era o caminho que a pontinha de seu nariz fazia enquanto entrelaçava os dedos com os dele e se aconchegava ao cheiro de suas roupas. Aquele cheirinho tão dele, tão dela. Sorria tanto que os músculos de sua bochecha doíam e era inevitável tal reação. As sensações que ele causava nela, o coração que batia forte, a respiração sempre ofegante e as borboletas passeando pelo seu corpo só podiam ser expressadas de uma forma: Um sorriso. Nunca ninguém tinha sido melhor companhia que aquela. Talvez, pouquíssimas vezes tinha sido tão feliz ao lado de alguém. Estava no lugar certo, no ombro certo, pela primeira vez em toda sua vida e lá dentro, no fundo do seu coração desejava que fosse assim por todos os dias que viriam. Desejava aquele sorriso em todas as suas manhãs, aqueles beijos em todas as suas noites, aquele abraço em todas as lágrimas, aquela mão na sua em todas as caminhadas, aquelas roupas dividindo espaço no seu armário, os livros de cálculo ...
"Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro." Fernando Pessoa