- É a vida meu amigo, a vida em metamorfose. - Disse o homem alto que escondia todos os seus sentimentos - e dinheiro - por trás de uma muralha de terno e gravata. -Nem venha comparar com a transformação de uma borboleta, ou com o crescimento mental ou físico de alguém. A vida tem se metamorfoseado da forma mais triste possível. - Respondeu o homem mais velho, de pele enrugada e unhas sujas de terra. O chapéu de palha já lhe parecia uma segunda pele, seu companheiro fiel que o protegia do sol durante a colheita. - Como triste? Tudo que você precisa é prestar atenção às placas! Não pare! Fume! Corra! Viva! -Viva? - Perguntou de forma singela o homem do mato enquanto dava um sorriso cheio de rugas e cansado. Como? Essa pergunta causou uma certa inquietação no engravatado, que já batia os pés e olhava constantemente no relógio. Bufando, respondeu: - Oras, como... Como se deve viver! Trabalhar, ganhar dinheiro, viajar... Nesse momento o homem do mato mudou sua expressão, parecia...
"Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro." Fernando Pessoa