Quem somos nós? As memórias do que vivemos, o medo do que ainda não conhecemos ou a certeza do que já conquistamos? Como conseguimos ser tantos dentro de um só desenho? Como uma carcaça contaminada e moribunda carrega dentro de si tanta vida e a alma de alguém que nunca vai morrer? Pq no fundo é isso. Não somos como nos parecemos. Não somos quem dizemos ou desenhamos ser. Somos o invisível. O abstrato. O paladar que anseia pelo doce e abomina o azedo. O ouvido que assim como o resto do corpo foi crescendo de gosto e desobedeceu a si mesmo tantas vezes. Ouviu o rock mas sussurrou um axe. Se entregou ao punk, mas chorou com sertanejo. Decorou o rap mas se pegou destruído, assobiando um pagode. Somos por fim a descoberta de que sempre estávamos errados? Ou apenas um labirinto que de começo parece rápido de desvendar? Um caminho sinuoso que pensamos ser fortes o suficiente pra trilhar sozinhos. Ingênuos batendo nos próprios peitos bravejando nossos currículos extensos. Como se os...
Meus amigos do facebook compartilharam aos montes um texto sobre como as vezes o amor de nossas vidas escapa pelos nossos dedos. Que me desculpem os fatalistas, mas não consigo participar desse grupo de pessoas que acredita que amor é essa loucura sobrenatural que nos tira da realidade. Não consigo crer que ele vai me trazer arrepios e que dentro dele as borboletas nunca vão deixar meu estômago. Não consigo ver amor na emoção a flor da pele, no toque eletrizante, na tremedeira da insegurança. Acredito que isso seja paixão. E paixão, meu bem, nunca colocou aliança no dedo de ninguém. Vivemos numa geração que minimiza e objetiva praticamente tudo que se possa comercializar. Fomos convencidos que de que somos o centro do mundo, de que nossa felicidade é a mais plena regra que deve reger o universo, que estamos vivos e isso é tudo. Desaprendemos a consertar as coisas, abraçamos de olhos fechados a obsolescência programada, enjoamos das coisas, das pessoas e dos sentimentos com a mesma ...