Pular para o conteúdo principal

Pontinhos Coloridos no fundo azul - Narraçao (nao me lembro a faculdade)



                
  - Não me importa sua opinião, você vai fazer exatamente como os outros fazem. Fui claro?

Pedro apenas concordou balançando a cabeça e se limitou a dar um sorriso. Ele compreendia sua pequenês diante da grande máquina que lhe dava ordens. Era apenas mais um, no meio de bilhões de pontinhos coloridos sobre o fundo azul.
 Não era o primeiro a questionar a ordem estabelecida e com certeza não seria o último. Às vezes, o "GPS" desses pontinhos fava um probleminha ou outro, os permitindo olhar para os lados, e era pra  esse tipo de problema que eles estavam sob olhos atentos que imediatamente davam um jeito.
 Enquanto Pedro andava de volta para suas funções, esbarrou em um pontinho diferente de todos os outros que já tinha visto. A cor era tão alegre e viva, que ele quase não conseguiu defini-la. Com muito esforço, decidiu que era uma mistura refrescante de amarelo, laranjado e vermelho. Seu coração - que ele já nem sabia que existia - pulou e suas mãos até suaram quando aquela "pontinha" em meio a sua luta, lhe deu um sorriso. Estava sendo carregada a força por dois pontinhos escuros que trabalhavam para grande máquina. Aparentemente,  pelo mesmo motivo que ele havia sido levado até lá minutos mais cedo, mas ela, diferente de Pedro, não se conformava com a realidade e pela a expressão contraída de seu rosto e a forma com que debatia com seus braços e pernas, não ia se conformar tão cedo.

  Pedro resolveu adiar suas tarefas no momento em que a viu se sentar na sala de espera. Suas cores vibravam tanto que praticamente o chamavam para se juntar a ela. Resolveu obedecer.

- Bom dia! - Exclamou ela assim que o viu.
Pedro se assustou com a recepção calorosa, com a vida que aquela pontinha o passava mesmo numa situação como aquela e com a reação que aquela voz causou nele. Ele sorriu, sorriu de verdade, outra coisa que ele nem se lembrava que existia.

- Bom dia, tudo bem? - Ele quase se arrependeu de ter perguntado, já que ela começou a falar e não parava mais! Só falava em revolução, ideologias, mudanças, assuntos que Pedro nem se quer dominava mas o que o atraia eram suas cores que enquanto ela falava vibravam cada vez mais e atingiu o ápice do vermelho quando ela contou seu plano mirabolante do qual Pedro imediatamente já fazia parte.

- Se você me ajudar, vai dar tudo certo e nós vamos ser livres!
- Livres? - perguntou Pedro com certo cinismo - tem certeza?

Ela o olhou como quem desaprovava seu tom de cinismo. Pedro ficou sério embora por dentro não parava de sorrir, tal vida ela o trazia.
Jogando os ombros pra trás, ela retomou sua expressão de alegria, como que ignorando a falta de visão do mais novo colega.

- Vem comigo, que eu te mostro como chegar lá!

Pedro sentiu sua mão formigar ao sentir a dela apertando seu braço. Naquele momento, Pedro sentiu seu verde escuro ficar um pouco mais rosado, pro lado do vermelho.                                          

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A Vida em metamorfose

- É a vida meu amigo, a vida em metamorfose. - Disse o homem alto que escondia todos os seus sentimentos - e dinheiro - por trás de uma muralha de terno e gravata. -Nem venha comparar com a transformação de uma borboleta, ou com o crescimento mental ou físico de alguém. A vida tem se metamorfoseado da forma mais triste possível. - Respondeu o homem mais velho, de pele enrugada e unhas sujas de terra. O chapéu de palha já lhe parecia uma segunda pele, seu companheiro fiel que o protegia do sol durante a colheita. - Como triste? Tudo que você precisa é prestar atenção às placas! Não pare! Fume! Corra! Viva! -Viva? - Perguntou de forma singela o homem do mato enquanto dava um sorriso cheio de rugas e cansado. Como? Essa pergunta causou uma certa inquietação no engravatado, que já batia os pés e olhava constantemente no relógio. Bufando, respondeu: - Oras, como... Como se deve viver! Trabalhar, ganhar dinheiro, viajar... Nesse momento o homem do mato mudou sua expressão, parecia...

Hoje não

Normalmente eu só preciso de uma frase perfeita pra continuar um bom texto. Normalmente, não hoje. Hoje não é um dia normal. Normalmente eu gosto de falar sobre pessoas fictícias. Normalmente, não hoje.  Normalmente eu gosto simplesmente de falar. Falar e falar. Normalmente, hoje não. Mas o engraçado, é que todos os dias não tem sido dias normais. Tenho amado como nunca amei antes. Normalmente, escreveria sobre isso. Sobre ele. Os olhos dele, os lábios, sorriso, tudo dele. Se fosse eu mesma, escreveria sobre a tremedeira que seu olhar me dá. Escreveria sobre os arrepios e sorrisos que seus beijos causam. Normalmente, mas hoje não. Se fosse eu, abriria mão de estilos literários pra escrever sobre um grande amor. Finalmente, o meu amor. Mas não quero ser eu. Não quero fazer as coisas que eu normalmente faria. Hoje não. Hoje vou ser o seu amor. Hoje vou escrever pra você. Não importa quem você seja. Sinta-se em casa, sinta-se com o seu próprio amor. Sinta-se amado. Tenho aprendido...

Sim

Clara fazia força para que seus pensamentos acompanhassem as batidas de seu coração que batia rápido como nunca.  - Faz um tempo que eu queria te falar isso. Essa foi a frase que antecedeu o sorriso que se arquitetou na boca do homem que aparentemente sabia seu manual de instruções de cór. Depois de alguns segundos de perplexidade, Clara percebeu que seu queixo já encostava em seu colo quando finalmente organizou seus sentimentos: a indignação se misturava com a dor de um recado qeu veio tarde demais. Bruno tentava disfarçar a ansiedade, mas sua paciência havia esgotado. Ensaiara para esse momento por tantos anos, que já lhe falhavam a conta. E agora, estava ali, esperando a resposta que por tantos anos imaginou. Clara sorriu. Ensaiou começar uma frase por algumas vezes, quando finalmente a voz veio e ela apenas perguntou: - Desde quando? - Desde que te vi naquele ginásio, toda suada e com o tornozelo machucado. Desse momento ela se lembrava bem: tinha apenas 10 anos ...